Como escrever o primeiro livro

Conheça os três primeiros grandes desafios para escrever um livro de ficção

Escrever um livro de ficção não é tão difícil quanto parece quando você tem um método facilitador ou ferramentas que te ajudam a superar os principais obstáculos que te fazem desistir e às vezes nem começar a escrever seu livro.

Inegavelmente, muitos autores iniciantes conduzem suas histórias de forma apenas intuitiva e acabam perdendo o foco, desperdiçando tempo e recursos, protelando ou abandonando o sonho de ver seu livro escrito e publicado.

Com efeito, isso ocorre em função das três grandes travas ou barreiras que impedem os autores iniciantes de levar adiante as suas obras, quais sejam:

1. Você não pode! Escrever um livro não é para você.

    A primeira grande barreira a se enfrentar é aquela que o(a) autor(a) iniciante impõe a si mesmo.

    Não somente ele(a), os outros também, mas geralmente é o(a) autor(a) iniciante que impõe a si mesmo, que é acreditar que não pode, que escrever um livro não é para ele(a)!

    Em outras palavras, é o velho mito de que tem que ter um dom literário, que tem idade certa ou que precisa ser um profissional da área (um jornalista, editor, revisor) para escrever um livro, o que é falso!

    Na verdade, ninguém nasce com o dom da escrita, ele precisa ser desenvolvido, treinado, aperfeiçoado.

    De fato, é verdade que existem escritores precoces, mas também existem os escritores tardios.

    Por exemplo, Cora Coralina, que fazia doces e era semianalfabeta, e mesmo assim, superou essas barreiras e publicou seu primeiro livro aos 75 anos.

    Com sua força de vontade e persistência, Coralina tornou-se um bom exemplo de como vencer as dificuldades e realizar o sonho de escrever um livro.

    2. Gêneros literários, preciso mesmo deles para escrever um livro?

    A segunda trava ou barreira a superar está relacionada com os gêneros literários.

    É a crença de que é preciso ter conhecimentos prévios de literatura, que tem que ter especialização em letras ou ser professor de português, ou mesmo que conhecer a fundo os gêneros literários para escrever um livro. O que também é falso!

    Na verdade, há pessoas que poderiam ser bons(as) escritores(as), mas desistiram por não saber classificar as suas obras.

    Por conseguinte, não sabiam se eram livros de ficção ou não-ficção; se eram dramáticos, líricos ou narrativos; se eram contos novelas ou romances, mas isso não é tão importante.

    Há, inclusive, casos de escritores clássicos que não sabiam como classificar literariamente algumas de suas obras.

    Por exemplo, Macunaíma, de Mário de Andrade, que o autor não sabia se era um romance ou algo mais folclórico e acabou batizando seu livro como sendo uma rapsódia, que ele chamou de uma soma de temas tirados do povo.

    Agora imagine se Mário de Andrade tivesse que se preocupar antecipadamente com barreiras ou com qual o gênero em que encaixaria seu texto histórico.

    O livro atípico do “herói sem nenhum caráter”, que não se encaixava bem em nenhuma classificação da sua época, jamais seria escrito, não é mesmo?

    Então, é preciso conhecer, mas os autores iniciantes não podem deixar que os gêneros literários os impeçam de escrever seus livros.

    É bem possível começar a escrever e, somente depois, verificar onde encaixar seus textos nas teorias de classificação literária.

    3. Ausência de Planejamento para o seu livro

    Já a terceira grande barreira é a que está relacionada com a ausência de um planejamento para o seu livro.

    Além dos obstáculos impostos aos autores iniciantes (por eles mesmos ou pelos outros), um dos principais motivos para não levar adiante o sonho de escrever um livro, é a ausência de um planejamento que lhe dê um norte, um rumo ao seu projeto literário.

    Nesse caso, faz-se necessário adotar um método facilitador ou ferramenta para ajudá-lo(a) a trabalhar com essa dificuldade de elaborar um planejamento para o seu livro.

    Comece enfrentando os três grandes desafios e destrave o seu livro

    A princípio, desses três grandes desafios, o primeiro diz respeito a questões preponderantemente intrínsecas, que são impostas a si pelo(a) próprio(a) autor(a) iniciante e que devem ser superadas por ele(a) mesmo(a).

    Ele(a) deve se esforçar para superar as críticas desanimadoras e trabalhar para mostrar resultado, buscando motivação para superar seus medos, suplantar os mitos e crenças, buscar apoio entre os pares ou seguir os exemplos de superação.

    Especificamente no que tange aos gêneros literários, é importante dizer que o(a) autor(a) iniciante pode deixar para se dedicar a esses estudos posteriormente, a depender do conteúdo histórico onde se enquadre suas obras (lírico, dramático ou narrativo).

    Só para exemplificar, se o seu livro está relacionado com poesia, ou seja, é uma obra do gênero lírico, composta para o canto ou para ser musicada, caracterizada pelo uso do verso e da linguagem metrificada, faz-se necessário recorrer aos estudos textuais de linguística, ritmo ou versificação.

    Da mesma forma, se a obra está mais afeta ao gênero dramático (teatral), direcionada aos expectadores e concebida para ser encenada no palco, por atores e atrizes, talvez seja mais indicado buscar a ajuda de professores de linguística, português, de literatura ou mesmo de teatro.

    Ademais, ainda sobre esses dois gêneros literários (lírico e dramático), é importante saber que existe uma classificação que diz respeito aos gêneros textuais “com” e “sem história”.

    No lírico não há história (não tem uma história sendo contada) e no dramático ela é apresentada diretamente nos diálogos, sem a presença do narrador.

    Seja um bom contador de histórias e transforme-as em um livro

    Porém, resta aos autores iniciantes uma opção em que não precisam se dedicar com tanto afinco aos estudos literários, recorrer ao estudos textuais, à linguística, a profissionais da área ou a professores de letras, português, literatura ou teatro: a narrativa!

    Portanto, se o intuito do(a) autor(a) iniciante é o de escrever uma narrativa, o tipo de texto em que se conta um fato, fictício ou real, que ocorre num determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens, seu ingresso no mundo da escrita pode ser mais rápido.

    Ainda mais se optar pelo formato de prosa (construído em linha reta, organizados em frases, parágrafos, capítulos, partes etc.).

    Nesse caso, só precisa ser um contador de histórias, visto que no gênero narrativo a história é apresentada ao leitor através da mediação do narrador.

    E, sendo um contador de histórias, qualquer um pode escrever um livro de ficção (seja um conto uma novela ou romance), desde que recorra um bom planejamento para o seu livro.

    Então, se mesmo estando motivado, você já tentou várias vezes e travou, se acha que tem bloqueio ou passa dias e dias tentando escrever uma linha que seja e não consegue, talvez o que esteja lhe faltando seja um bom planejamento para o seu projeto literário.

    Elabore um planejamento para o seu livro

    Nós acreditamos que é o planejamento, aliado a uma metodologia que cria as rotinas e a disciplina, que vai fazê-lo(a) manter o foco e saber exatamente o que fazer, como fazer e quando fazer durante todo o processo de escrita.

    Em suma, a nossa dica é elaborar seu plano literário do início ao fim! Nada do que é definido na etapa de planejamento precisa ser definitivo, mas é importante ser estabelecido.


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    Referências bibliográficas

    ANDRADE, Mário de. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Ed. 5ª. Belo Horizonte: Itatiaia, 1988.

    BRANDINO, Luiza. Prosa. In Mundo Educação. Acesso: 08/05/2022.

    DICIO – Dicionário Online de Português (plataforma: https://www.dicio.com.br/lírico/). 

    EUFRÁSIO, J. Correio Braziliense, Brasília, Cad. Cidades, 07jan2017, p. 20/21.

    GUIMARÃES, Leandro. Gênero dramático; Brasil Escola. Acesso em 13/08/2022.

    KEMPISKA, O. G. & SOUZA, R. A. Q. Teoria e Literatura I. v. 2. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2012.


    Por Francisco Hélio de Sousa

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